A indústria brasileira enfrentou em abril
um cenário de elevados estoques, queda da produção, atividade baixa e retração
nas expectativas, conforme revelou a pesquisa Sondagem Industrial, divulgada
nesta terça-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O indicador de
nível de produção ficou em 45,3 pontos no mês passado, o que representa uma
queda de 9,3 pontos frente março, quando foi registrada a marca de 54,6 pontos.
"É um quadro bastante negativo", resumiu o economista da CNI Marcelo
Azevedo.
O economista explicou que era previsto um
ligeiro recuo dos indicadores, depois de passados os efeitos da sazonalidade
positiva de março. Ainda assim, admitiu, os resultados finais da Sondagem
Industrial de abril foram mais negativos do que o esperado. Por enquanto, a
confederação mantém a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)
industrial de 2012 em 2%. Boa parte desse resultado, entretanto, deverá ser
obtida no segundo semestre, pois os primeiros seis meses do ano estão bastante
difíceis para o setor. "O melhor desempenho será sobre uma base ainda mais
fraca que esperávamos", afirmou.
Os indicadores apurados na pesquisa variam
de zero a cem. Valores acima de 50 indicam aumento da atividade, do emprego,
acúmulo de estoques indesejados e utilização de capacidade instalada acima da
usual. Entre as várias questões pesquisadas, somente o indicador do nível de
expectativas de exportação apresentou melhora em relação a março, alcançando
53,2 pontos (ante 52,1 pontos, em março). Apesar de a pesquisa não apurar os
motivos que levaram a essa melhor percepção, Azevedo avaliou que pode ser um
reflexo do novo posicionamento do câmbio, que favorece a competitividade dos
produtos brasileiros no mercado internacional.
Assim como caiu o indicador do nível de
produção, diminuiu também o índice que mede o número de empregados, para 48,9
pontos em abril (ante 49,5 pontos, em março). O porcentual de utilização da
capacidade instalada no mês passado ficou em 71% (72%, em março). O indicador
que mensura o nível de utilização da capacidade instalada efetiva em relação ao
usual foi reduzido para 42,6 pontos (ante 45,2 pontos em março), ou seja, ainda
mais distante da linha divisória dos 50 pontos.
Os estoques também estão elevados, indica
a Sondagem Industrial da CNI. O indicador sobre o estoque efetivo em relação ao
planejado ficou em 53,0 pontos (ante 51,6 pontos em março). Já o indicador
sobre a evolução dos estoques ficou em 50,9 pontos (frente 49,8 pontos, em
março). Nesse caso, marcas acima de 50 pontos representam acúmulo de estoques
indesejados.
Estoques acima do esperado são um entrave
a mais para o setor, pois quando houver recuperação da economia, primeiro será
necessário esvaziar depósitos para somente depois dar novo impulso à produção.
Ou seja, a recuperação da indústria, "quando vier, será lenta",
explicou o economista da CNI. "O setor terá, primeiro, de diminuir os
estoques para depois elevar a produção", disse.
Estímulos trarão efeitos positivos
Azevedo afirmou que as medidas de estímulo ao setor
automotivo anunciadas na segunda-feira pelo governo devem provocar efeitos
positivos não apenas sobre o segmento, mas irradiando otimismo para áreas
fornecedoras de insumos. Mas esse resultado não será imediato, alertou o
economista, pois será necessário tempo para haver reação.
A pesquisa divulgada nesta terça-feira
informou que o indicador de nível de produção do segmento de veículos
automotores alcançou 36,7 pontos em abril (ante 57,4 pontos em março), ou seja,
bem abaixo da linha divisória dos 50 pontos. Já o indicador de estoque efetivo
de produtos finais em relação ao planejado subiu, ficando em 53,8 pontos em
abril (ante 51,2 pontos, em março). A Sondagem Industrial mostra, portanto, que
o segmento de veículos automotores está com estoques elevados e baixa produção.
Fonte: Diário do Grande ABC
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