Ana Conceição
Analistas do mercado financeiro elevaram suas expectativas para a
inflação medida pelo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2012, de
acordo com o boletim semanal Focus, divulgado nesta manhã pelo Banco Central. O
relatório mostrou ainda corte nas projeções para os juros e para o crescimento
da economia este ano.
A mediana das previsões para a inflação ao fim deste ano passou de
5,12% para 5,22%. Há quatro semanas, a expectativa era de que o índice de
inflação oficial do país fechasse o ano em 5,08%.
Já a mediana da projeção do Focus para o IPCA em 12 meses foi mantida
em 5,53%.
Na quarta-feira passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) mostrou que o IPCA subiu para 0,64% em abril, maior leitura
em um ano e uma taxa mais salgada que a esperada pelo mercado, cuja expectativa
girava ao redor de 0,6%. No ano, o índice acumulou alta de 1,87% e, em 12
meses, 5,1%.
O boletim Focus também mostrou que,
junto com a piora da inflação, o mercado espera uma redução mais
acentuada na Selic, taxa de juros básica da economia. A projeção para 2012 caiu
de 8,5% para 8%. Há quatro semanas, a expectativa era de que fechasse o ano em
9%.
A virada para baixo nas projeções ocorreu depois que o governo mudou o
cálculo de remuneração da poupança, considerado uma trava para maiores quedas
na Selic, atualmente em 9%. A expectativa é a de que o Comitê de Política
Monetária (Copom) reduza a Selic já na próxima reunião, nos dias 29 e 30 deste
mês.
Para 2013, os analistas consultados pelo BC também reduziram a
expectativa da Selic, de 10% para 9,75%; também diminuíram ligeiramente a
projeção do IPCA, de 5,56% para 5,53%.
Entre as apostas do Top 5 – grupo dos que mais acertam as previsões –
a previsão de médio prazo para a Selic ao fim de 2012 caiu de 8,5% para 8%, mas
para o final de 2013 subiu de 8,75% para 9,75%.
Para o IPCA deste ano, o Top 5 elevou sua aposta para 5,22%, de 5,03%
na semana anterior e, para a inflação de 2013 a projeção passou de 5,40% para
5,80%.
Outros medidores de inflação
Analistas consultados para o Focus elevaram suas projeções para os
Índices Gerais de Preços Mercado e Disponibilidade Interna (IGP-M e IGP-DI) e
também para o Índice de Preços ao Consumidor medido pela Fipe (IPC-Fipe), em
2012.
De acordo com o boletim, a expectativa para a inflação medida pelo
IGP-DI subiu de 5,14% para 5,57%, a quinta alta semanal consecutiva. Na semana
passada, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o índice subiu 1,02% em
abril, de 0,56% em março. O IGP-DI é usado como referência para correções de
preços e valores contratuais, sendo o indexador das dívidas dos Estados com a
União. O índice também é diretamente empregado no cálculo do Produto Interno
Bruto (PIB) e das contas nacionais em geral.
Já para o IGP-M, indicador que é usado como referência para reajuste
de contratos, como os de aluguel, o mercado agora espera uma taxa de 5,42%
neste ano, ante 5,24% previstos na semana anterior.
Vale ressaltar que há quatro semanas a expectativa dos analistas para
ambos os índices era bem mais modesta: 4,89% para o IGP-DI e 4,84% para o
IGP-M, ambos em 2012.
A projeção para o IPC-Fipe neste ano passou de 4,50% para 4,55%. Há
quatro semanas era de 4,36%.
Atividade econômica
Analistas do mercado financeiro reduziram ligeiramente suas
expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, de
3,23% para 3,2%, de acordo com o Focus. Para 2013, a projeção foi mantida em
4,3%.
A mediana das projeções para o crescimento da produção industrial em
2012 foi ligeiramente ajustada para cima, de 1,92% para 1,94%. Para 2013, a
expectativa se manteve em uma alta de 3,95%.
A projeção para a balança comercial em 2012 foi mantida em US$ 19,22
bilhões, enquanto a estimativa para 2013 teve ajuste de US$ 14,70 bilhões para
US$ 14,90 bilhões. A projeção para o câmbio, tanto para o fim de 2012 quanto
para o de 2013, subiu de R$ 1,81 para R$ 1,85.
As previsões para o investimento estrangeiro direto (IED) recuou de
US$ 56,70 bilhões para 55,74 bilhões e, para 2013, aumentou, de US$ 56,40
bilhões para US$ 57,05 bilhões.
O déficit em conta corrente estimado pelos analistas saiu de US$ 68,54
bilhões para US$ 68,2 bilhões em 2012 e, em 2013, de US$ 75 bilhões para US$
73,5 bilhões.
Para a dívida líquida do setor público a projeção caiu de 36,10% do
PIB em 2012 para 36,0%. Em 2013, cedeu de 34,7% para 34,6%.
Fonte: Valor
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