O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson de
Andrade, reavaliou a estimativa de crescimento do setor neste ano para cerca de
3%. A estimativa divulgada no informe conjuntural da entidade, no começo de
abril, era de que o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria cresceria 2% em 2012.
Três fatores motivaram a alteração: a recente valorização do dólar em
relação ao real, a queda na taxa básica de juros, a Selic, e das taxas cobradas
pelos bancos, e as medidas de estímulo ao setor adotadas pelo governo. Mesmo
com as incertezas da economia mundial e os efeitos disso no Brasil, a CNI
considera que houve uma melhora na conjuntura nacional e há indícios de que a
atividade e as vendas do setor vão subir, depois de resultados ruins no começo
do ano.
Nesta semana, o dólar se manteve em torno de R$ 2,00 - um alento para
o setor que exaltava os efeitos negativos da "valorização excessiva"
da moeda nacional para as empresas por causa da forte entrada de produtos
importados. A reviravolta no câmbio, para Andrade, "já é suficiente para
haver uma recuperação importante e, se subir mais um pouco, melhora mais".
A CNI afirmou, porém, que a recente valorização do dólar em relação ao
real ainda não levou ao "câmbio ideal" para a indústria. O patamar
almejado pelo setor se situa entre R$ 2,40 e R$ 2,60, variando para cada
atividade industrial.
Andrade descartou também uma disparada da inflação por causa da
desvalorização do real em relação ao dólar. Isso seria possível devido à
"capacidade ociosa" da indústria. O dólar alcançar o patamar de R$ 2,00
"dá mais competitividade para a indústria brasileira que estava sendo
sufocada por produtos importados de todas as espécies. E certamente esse
movimento não será inflacionário", disse.
Andrade argumentou que, normalmente, o setor opera em média com cerca
de 80% da capacidade instalada. "Hoje estamos trabalhando em torno de 70%
a 72%" da capacidade, o que permite um espaço "muito grande" de
aumento da produção.
Além disso, para a CNI, a preocupação "explicitada" pelo
governo com a situação da indústria e a busca pelo fortalecimento do setor
levou ao aumentou de expectativa da entidade. As medidas do Plano Brasil Maior
começaram a vigorar e ainda serão ampliadas neste ano, o que vai fazer que a
indústria possa ter uma expansão maior, avaliou. "Nós achávamos que a
indústria ia ter um resultado muito sofrido. Hoje a gente está vendo que a
indústria pode ter um crescimento de 2,5%, algo próximo a 3%" no ano,
disse Andrade.
Outra mudança no ambiente econômico, que foi destacada ontem pelo
gerente-executivo de política econômica da Confederação Nacional da Indústria,
Flávio Castelo Branco, é o ciclo de queda da taxa Selic, que se reflete na
redução das taxas cobradas pelas instituições financeiras. "Ele [o ciclo]
dá sinais de que vai se intensificar", avaliou. Segundo Castelo Branco,
isso vai possibilitar uma redução da inadimplência que aumentou ao longo deste
ano.
Fonte: Valor
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