Em mais uma tentativa para evitar um fraco desempenho da economia,
estimular o consumo e reverter investimentos em baixa, o governo anunciou ontem
novo pacote de medidas em que praticamente reduziu a zero o juro real dos
financiamentos para aquisição de máquinas, equipamentos e projetos de obras,
para os quais os custos das linhas caíram de 7,3% para 5,5% - a projeção de
inflação nos próximos 12 meses é de 5,51%, segundo o boletim Focus. As
operações de crédito ao consumidor tiveram o Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF) reduzido de 2,5% para 1,5%.
A maior parte das medidas voltadas para o consumo visa desencalhar os
estoques da indústria automobilística, de 43 dias em abril. Houve diminuição
geral das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados para carros e
demais veículos automotores. Para tornar possível a ampliação de crédito para a
compra de veículos, o Banco Central fez redução direcionada de R$ 18 bilhões
dos depósitos compulsórios dos bancos.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que as medidas anunciadas
ontem foram negociadas com empresários e banqueiros e que cada um fará sua
parte: o governo cortará os tributos, a indústria automobilística reduzirá os
preços dos veículos e os bancos se comprometeram a reduzir os juros dos empréstimos,
aumentar o número de prestações e reduzir o valor da entrada.
O governo volta a usar o arsenal de medidas de estímulo usado com
sucesso para enfrentar a crise de 2008. As condições econômicas, porém,
mudaram, e sua eficácia tende a ser menor, segundo economistas. Um dos
argumentos é que na época havia uma demanda reprimida por bens duráveis que foi
parcialmente satisfeita nos últimos três anos. Outra diferença é que o
comprometimento de renda das famílias aumentou e a capacidade de pagamento de dívidas
diminuiu. O resultado foi o aumento da inadimplência.
O presidente do Bradesco, Luiz Trabuco Cappi, não confere grande
importância a esses obstáculos. "Com desoneração fiscal e redução do
tamanho das prestações haverá um alívio", disse. Para ele, a inadimplência
terá uma redução forte no segundo semestre. "A renda mínima necessária
para um financiamento vai cair, porque a prestação agora pode ficar mais
baixa", diz Décio Carbonari, presidente do banco Volkswagen.
Fonte: Valor
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