Com exceção do ano de 2009, o índice de participação de importados no
mercado brasileiro sobe desde 2003, segundo pesquisa CNI-Funcex
A participação dos produtos importados no mercado brasileiro de bens
industriais atingiu 22,2% no acumulado dos 12 meses encerrados em março deste
ano. Segundo dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o
novo patamar é recorde para a série histórica iniciada em 1996. O coeficiente
de penetração de importações considera tanto o consumo final das pessoas quanto
o de insumos pela indústria.
O coeficiente de penetração das importações está 0,3 ponto porcentual
acima do recorde anterior, de 21,9%, no último trimestre de 2011. Segundo a
pesquisa, realizada pela CNI em parceria com a Fundação Centro de Estudos do
Comércio Exterior (Funcex), com exceção do ano de 2009, o índice de
participação de produtos importados no mercado brasileiro sobe desde 2003 e acumula
crescimento superior a 10 pontos porcentuais.
Já o coeficiente de participação das exportações, que mostra a
evolução da proporção das vendas externas no valor da produção industrial,
atingiu 18,1% no acumulado dos 12 meses encerrados em março. Foi um aumento de
0,2 ponto porcentual ante o registrado no fim de 2011. Mesmo assim, o índice
está abaixo do teto histórico, de 20,4%, em 2006.
O economista da CNI, Marcelo Azevedo, disse que ainda será necessário
um período mais longo com o dólar estável, e no atual patamar de R$ 2, para que
a indústria passe a substituir os insumos importados por matéria-prima
nacional. Segundo ele, a mudança exigiria novos investimentos. No entender de
Azevedo, o câmbio não é o único fator que retira competitividade das empresas
brasileiras.
Setores. Na indústria de transformação, a participação de insumos
importados na produção dobrou em uma década, atingindo também valor recorde.
Passou de 10,5%, em 2002, para 21,1% no acumulado em 12 meses até março deste
ano. O setor que mais chamou atenção foi o de vestuário, cuja penetração de
importados subiu de 10,6% em 12 meses até dezembro de 2011 para 12% até março
deste ano. No final de 2010, era de 7,4% a participação dos importados no
consumo doméstico no setor de vestuário.
Por outro lado, também permaneceu até o final do primeiro trimestre
deste ano a tendência de aumento das exportações na participação no valor da
produção industrial. Foi de 18,1% no acumulado em 12 meses até março. Na
indústria de transformação, foi de 15,2% e na indústria extrativa alcançou
72,3% no período. "As exportações estão ganhando importância. Esta é a
tendência recente", afirmou Azevedo.
Fonte: O Estado de São Paulo
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