terça-feira, 30 de outubro de 2012

HÁ SINAIS DE QUE A RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA ESTÁ EM CURSO, DIZ TOMBINI

O presidente do BC destacou, no entanto, que a retomada da economia mundial ainda é muito lenta.

O presidente do BC destacou, no entanto, que a retomada da economia mundial ainda é muito lenta e é uma das que mais demoram desde o surgimento da Grande Depressão de 1929.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reafirmou que a economia brasileira está em pleno processo de recuperação e que o nível de atividade deve avançar ainda mais no decorrer dos próximos meses. "Há sinais consistentes de que a recuperação da economia está em curso. A recuperação ocorre em ambiente de inflação sob controle", afirmou.

Tombini destacou, no entanto, que a retomada da economia mundial ainda é muito lenta e é uma das que mais demoram desde o surgimento da Grande Depressão de 1929. "O processo de desalavancagem das economias avançadas será um período longo", disse.

Tombini afirmou que a Europa é o principal foco de preocupação da economia mundial na atualidade. "Nós observamos nos últimos meses importantes avanços", disse ele.

O presidente do BC ressaltou que as autoridades da zona do euro conseguiram progressos, especialmente para ampliar a liquidez no setor financeiro e melhorar as condições das dívidas soberanas de alguns países. "Esse arcabouço de medidas precisa ser testado e vai requerer importantes esforços de líderes europeus", completou.

De acordo com Tombini, nos Estados Unidos, a principal fonte de insegurança está no campo fiscal, com a possibilidade de ocorrer um corte abrupto de gastos públicos, chamado em inglês de "fiscal cliff", que tem potencial de provocar um impacto de até 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

"Isso está afetando decisões de gastos das famílias e de investimentos de empresas", destacou. "Contudo, a avaliação geral é de que haverá ao menos uma renovação parcial dos gastos tributários", afirmou Tombini. Ele acresentou que esse processo deverá ser concluído em meados do primeiro trimestre de 2013, quando estiver funcionando o novo Congresso dos EUA.

China

Tombini classificou de "extremada" a visão de que a economia brasileira depende da chinesa, durante evento em São Paulo, . Segundo ele, em suas viagens ao exterior, tem sido sempre questionado sobre o grau de dependência do Brasil em relação à China. Mas, para Tombini, esta visão é exagerada "porque o Brasil é uma economia relativamente fechada".

A avaliação do presidente do BC é feita com base nos números do comércio exterior entre Brasil e China. De acordo com ele, a pauta de exportações brasileira é muito diversificada e "apenas 7,7% das exportações do País vão para a China. Isso é menos de 2% do PIB". Por outro lado, as exportações chinesas para o Brasil representam 10,7% do montante importado pelo País.

"Mas não dá para negar que a economia mundial tem impactado a brasileira", continuou Tombini, ressaltando, no entanto, que o canal que mais tem afetado a economia interna é o sentimento dos empresários e do consumidor. Isso, segundo ele, levou a um recuo dos investimentos, "mas ainda é o momento de continuar mostrando que a economia doméstica oferece muitas oportunidades para investimentos, a despeito do cenário internacional". "Devemos crescer 4% em termos anualizados no quarto trimestre de 2012, conforme mostram as expectativas dos órgão multilaterais", afirmou.

De acordo com Tombini, essa trajetória de crescimento esperada se ampara em alguns fatores: desemprego baixo, com 2,4 milhões de empregos criados nos últimos 12 meses, renda em elevação e massa salarial com crescimento de 5% no mesmo período. Ele citou também a expansão do crédito, com mais brasileiros tendo acesso ao mercado.

Ainda segundo o presidente do BC, contribuirão para o crescimento do PIB os impulsos que ainda não se manifestaram na economia. Entre eles, Tombini lembrou da redução de 5,25 ponto porcentuais da Selic, da flexibilização do compulsório bancário, que melhorou a liquidez do sistema, e da redução de spread e de juros ao consumidor.

Do lado da oferta, Tombini citou medidas de estímulo à infraestrutura e logística e o crescimento do setor industrial nos últimos três meses. O presidente do BC fez palestra na 2ª edição dos encontros Exame, em São Paulo.
Fonte: O Estado de São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário