O presidente do BC destacou, no entanto, que a retomada da economia mundial ainda é muito lenta e é uma das que mais demoram desde o surgimento da Grande Depressão de 1929.
O
presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reafirmou que a
economia brasileira está em pleno processo de recuperação e que o nível
de atividade deve avançar ainda mais no decorrer dos próximos meses. "Há
sinais consistentes de que a recuperação da economia está em curso. A
recuperação ocorre em ambiente de inflação sob controle", afirmou.
Tombini
destacou, no entanto, que a retomada da economia mundial ainda é muito
lenta e é uma das que mais demoram desde o surgimento da Grande
Depressão de 1929. "O processo de desalavancagem das economias avançadas
será um período longo", disse.
Tombini
afirmou que a Europa é o principal foco de preocupação da economia
mundial na atualidade. "Nós observamos nos últimos meses importantes
avanços", disse ele.
O
presidente do BC ressaltou que as autoridades da zona do euro
conseguiram progressos, especialmente para ampliar a liquidez no setor
financeiro e melhorar as condições das dívidas soberanas de alguns
países. "Esse arcabouço de medidas precisa ser testado e vai requerer
importantes esforços de líderes europeus", completou.
De
acordo com Tombini, nos Estados Unidos, a principal fonte de
insegurança está no campo fiscal, com a possibilidade de ocorrer um
corte abrupto de gastos públicos, chamado em inglês de "fiscal cliff",
que tem potencial de provocar um impacto de até 4,5% do Produto Interno
Bruto (PIB).
"Isso
está afetando decisões de gastos das famílias e de investimentos de
empresas", destacou. "Contudo, a avaliação geral é de que haverá ao
menos uma renovação parcial dos gastos tributários", afirmou Tombini.
Ele acresentou que esse processo deverá ser concluído em meados do
primeiro trimestre de 2013, quando estiver funcionando o novo Congresso
dos EUA.
China
Tombini classificou de "extremada" a visão de que
a economia brasileira depende da chinesa, durante evento em São Paulo, .
Segundo ele, em suas viagens ao exterior, tem sido sempre questionado
sobre o grau de dependência do Brasil em relação à China. Mas, para
Tombini, esta visão é exagerada "porque o Brasil é uma economia
relativamente fechada".
A
avaliação do presidente do BC é feita com base nos números do comércio
exterior entre Brasil e China. De acordo com ele, a pauta de exportações
brasileira é muito diversificada e "apenas 7,7% das exportações do País
vão para a China. Isso é menos de 2% do PIB". Por outro lado, as
exportações chinesas para o Brasil representam 10,7% do montante
importado pelo País.
"Mas
não dá para negar que a economia mundial tem impactado a brasileira",
continuou Tombini, ressaltando, no entanto, que o canal que mais tem
afetado a economia interna é o sentimento dos empresários e do
consumidor. Isso, segundo ele, levou a um recuo dos investimentos, "mas
ainda é o momento de continuar mostrando que a economia doméstica
oferece muitas oportunidades para investimentos, a despeito do cenário
internacional". "Devemos crescer 4% em termos anualizados no quarto
trimestre de 2012, conforme mostram as expectativas dos órgão
multilaterais", afirmou.
De
acordo com Tombini, essa trajetória de crescimento esperada se ampara
em alguns fatores: desemprego baixo, com 2,4 milhões de empregos criados
nos últimos 12 meses, renda em elevação e massa salarial com
crescimento de 5% no mesmo período. Ele citou também a expansão do
crédito, com mais brasileiros tendo acesso ao mercado.
Ainda
segundo o presidente do BC, contribuirão para o crescimento do PIB os
impulsos que ainda não se manifestaram na economia. Entre eles, Tombini
lembrou da redução de 5,25 ponto porcentuais da Selic, da flexibilização
do compulsório bancário, que melhorou a liquidez do sistema, e da
redução de spread e de juros ao consumidor.
Do
lado da oferta, Tombini citou medidas de estímulo à infraestrutura e
logística e o crescimento do setor industrial nos últimos três meses. O
presidente do BC fez palestra na 2ª edição dos encontros Exame, em São
Paulo.
Fonte: O Estado de São Paulo
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