quinta-feira, 4 de outubro de 2012

BANCO APOSTA EM CRESCIMENTO DE 5,5% PARA O PRÓXIMO ANO

A economia brasileira deve apresentar uma forte recuperação no próximo ano, mas esse contexto deve vir acompanhado de pressões inflacionárias e alta de juros.

O Brasil deve crescer 5,5% em 2013. Essa é a previsão do Economista-chefe para América Latina do Banco BNP Paribas, Marcelo Carvalho, colocada durante coletiva on-line realizada ontem. Segundo ele, a economia brasileira deve apresentar uma forte recuperação no próximo ano, mas esse contexto deve vir acompanhado de pressões inflacionárias e alta de juros.
"O que parece o cenário mais provável é que sim, a economia volte com força, força até demais. Nesse sentido, que a inflação, que aliás não é baixa, já está rodando acima de 5%, tende a ficar mais pressionada nesse ambiente de recuperação mais forte da economia brasileira", completou.

Segundo o relatório Focus, divulgado também ontem pelo Banco Central, o mercado espera que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do ano que vem fique concentrado em 4%. Essa previsão é mantida pelos analistas consultados pela autoridade monetária há sete semanas.

O crescimento acelerado de nossa economia deve refletir em uma maior pressão inflacionária. O economista-chefe do Banco acredita que isso deve acontecer, pois "o ponto inicial de partida já é complicado, está rodando a 5%, 4,9% em doze meses, foi um momento que estava tudo ajudando, mudança da pesquisa [peso dos componentes do IPCA], isenção do IPI [Imposto sobre Produtos Industriais] cenário macroeconômico no pior momento de atividade, ainda assim o que a gente conseguiu de melhor foi uma inflação de 4,9%".

Ele chama a atenção para a alta de preços setorial que pode ser influenciada pela situação de baixo desemprego que o Brasil passa. O economista do BNP coloca que o contexto de praticamente pleno emprego e aumento da massa salarial pode ser comprovada pela inflação de serviços, "em uma empresa do setor de serviços é mais fácil repassar esses aumentos de salários, para o preço final do consumidor. Não é à toa que quando você olha a composição do IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo], o que mais impressiona é a inflação de serviços, que roda na taxa de 7%, 8%, 9% enquanto a inflação cheia está aí perto de 5%".

A expectativa do mercado, segundo o relatório do BC, para o IPCA de 2013 está em 5,5%.

Segundo Carvalho, esse número está estacionado há algum tempo o que significa que "a percepção do mercado hoje é de que o Banco Central não mira mais a meta de 4,5% que o governo como um todo mira em algo na banda de cima, na margem de tolerância, alguma coisa entre 4,5% e 6,5%, que é o teto de tolerância".

Apesar disso ele não acredita nesta taxa, "o consenso do mercado supõe que a inflação vai ficar estável de um período de tempo daqui até o ano que vem, historicamente, a gente nunca tem uma linha reta, a inflação sobe ou desce, parada é que ela não fica. Quando eu olho esse consenso parado em 5,5% deve ter alguma coisa errada, ou vai ser muito acima disso, ou muito abaixo disso, mas como eu tentei explicar, os fatores apontam para uma inflação para cima", disse.

Para o economista, o governo brasileiro pode adotar "uma série de instrumentos" para controlar a inflação. "Você pode subir os juros, e alguns argumentam que você poderia usar outras medidas, as chamadas medidas macroprudenciais, medidas de restrição de crédito, talvez o que a gente observe seja um conjunto dessas várias medidas, mas na minha avaliação é inevitável, o instrumento principal, fundamental de controle da demanda agregada são os juros".

Para Marcelo Carvalho, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) pode optar por mais um corte de juros residual, de 0,25 pontos percentuais ainda este ano, apesar de ser pouco provável, na opinião dele. "De uma forma ou de outra, o ciclo de corte, de afrouxamentos está perto do fim, agora é saber como e quando o Banco Central volta a subir os juros".

A aposta do BNP Paribas é que a taxa básica de juros suba em algum momento do segundo trimestre do ano que vem e que feche 2013 com um aumento de cerca de 1,5 ponto percentual, em 9% ao ano. Segundo a opinião dos analistas consultados para o último relatório Focus, a Selic deve terminar 2013 em 8,25%.

Fonte: DCI

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