O Brasil deve crescer 5,5% em 2013. Essa é a previsão do Economista-chefe para América Latina do Banco BNP Paribas, Marcelo Carvalho, colocada durante coletiva on-line realizada ontem. Segundo ele, a economia brasileira deve apresentar uma forte recuperação no próximo ano, mas esse contexto deve vir acompanhado de pressões inflacionárias e alta de juros.
"O
que parece o cenário mais provável é que sim, a economia volte com
força, força até demais. Nesse sentido, que a inflação, que aliás não é
baixa, já está rodando acima de 5%, tende a ficar mais pressionada nesse
ambiente de recuperação mais forte da economia brasileira", completou.
Segundo
o relatório Focus, divulgado também ontem pelo Banco Central, o mercado
espera que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do ano que vem
fique concentrado em 4%. Essa previsão é mantida pelos analistas
consultados pela autoridade monetária há sete semanas.
O
crescimento acelerado de nossa economia deve refletir em uma maior
pressão inflacionária. O economista-chefe do Banco acredita que isso
deve acontecer, pois "o ponto inicial de partida já é complicado, está
rodando a 5%, 4,9% em doze meses, foi um momento que estava tudo
ajudando, mudança da pesquisa [peso dos componentes do IPCA], isenção do
IPI [Imposto sobre Produtos Industriais] cenário macroeconômico no pior
momento de atividade, ainda assim o que a gente conseguiu de melhor foi
uma inflação de 4,9%".
Ele
chama a atenção para a alta de preços setorial que pode ser
influenciada pela situação de baixo desemprego que o Brasil passa. O
economista do BNP coloca que o contexto de praticamente pleno emprego e
aumento da massa salarial pode ser comprovada pela inflação de serviços,
"em uma empresa do setor de serviços é mais fácil repassar esses
aumentos de salários, para o preço final do consumidor. Não é à toa que
quando você olha a composição do IPCA [Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo], o que mais impressiona é a inflação de serviços, que
roda na taxa de 7%, 8%, 9% enquanto a inflação cheia está aí perto de
5%".
A expectativa do mercado, segundo o relatório do BC, para o IPCA de 2013 está em 5,5%.
Segundo
Carvalho, esse número está estacionado há algum tempo o que significa
que "a percepção do mercado hoje é de que o Banco Central não mira mais a
meta de 4,5% que o governo como um todo mira em algo na banda de cima,
na margem de tolerância, alguma coisa entre 4,5% e 6,5%, que é o teto de
tolerância".
Apesar
disso ele não acredita nesta taxa, "o consenso do mercado supõe que a
inflação vai ficar estável de um período de tempo daqui até o ano que
vem, historicamente, a gente nunca tem uma linha reta, a inflação sobe
ou desce, parada é que ela não fica. Quando eu olho esse consenso parado
em 5,5% deve ter alguma coisa errada, ou vai ser muito acima disso, ou
muito abaixo disso, mas como eu tentei explicar, os fatores apontam para
uma inflação para cima", disse.
Para
o economista, o governo brasileiro pode adotar "uma série de
instrumentos" para controlar a inflação. "Você pode subir os juros, e
alguns argumentam que você poderia usar outras medidas, as chamadas
medidas macroprudenciais, medidas de restrição de crédito, talvez o que a
gente observe seja um conjunto dessas várias medidas, mas na minha
avaliação é inevitável, o instrumento principal, fundamental de controle
da demanda agregada são os juros".
Para
Marcelo Carvalho, o Comitê de Política Monetária do Banco Central
(Copom) pode optar por mais um corte de juros residual, de 0,25 pontos
percentuais ainda este ano, apesar de ser pouco provável, na opinião
dele. "De uma forma ou de outra, o ciclo de corte, de afrouxamentos está
perto do fim, agora é saber como e quando o Banco Central volta a subir
os juros".
A
aposta do BNP Paribas é que a taxa básica de juros suba em algum
momento do segundo trimestre do ano que vem e que feche 2013 com um
aumento de cerca de 1,5 ponto percentual, em 9% ao ano. Segundo a
opinião dos analistas consultados para o último relatório Focus, a Selic
deve terminar 2013 em 8,25%.
Fonte: DCI
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