Depois de ter reduzido as projeções para crescimento global, o Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que o clima é de “otimismo”, afirmou o economista-chefe do Fundo, Olivier Blanchard, conselheiro econômico e diretor do departamento de pesquisas da instituição, em coletiva de imprensa em Washington. Blanchard, no entanto, reforça que deve haver um “otimismo cauteloso” e lembra que a recuperação da economia mundial segue fraca e que o processo é prejudicado pela consolidação fiscal e pelo ainda fraco sistema financeiro.
O
diretor ressalta que os Estados Unidos estão em uma situação melhor que
o observado em igual período do ano passado, embora tenha admitido que
nem todos os problemas fiscais do país estejam resolvidos. Sobre a
Europa, o FMI diz que a região está comprometida com o euro. Apesar do
crescimento anêmico do bloco, a instituição vê melhora nas condições
financeiras, principalmente na Alemanha e França.
Blanchard
afirmou que os mercados financeiros globais podem não estar
precificando de forma suficiente o risco sobre as perspectivas para a
economia mundial.
“Eu
penso que é um argumento razoável achar que talvez os mercados
financeiros estejam um pouco otimistas demais, mas eles estão vendo
coisas boas no futuro”, disse Blanchard. “Está claro que os mercados
financeiros estão à frente da economia real. A questão é se eles estão
muito à frente ou não, se estamos vendo uma bolha”, acrescentou. “Neste
estágio é difícil dizer.”
A
questão é saber se a psicologia do mercado vai durar o suficiente para
ver uma inegável evidência de uma recuperação. Caso contrário, os
participantes do mercado poderão elevar novamente o prêmio de risco para
as economias debilitadas da zona do euro, esfriando outra vez as
esperanças de expansão.
Com
relação a uma pergunta relacionada a uma guerra cambial como
consequência da decisão do Banco do Japão de comprar de ativos sem um
limite pré-determinado, Blanchard respondeu: “Esta crescente especulação
de guerra cambial está muito exagerada”. “Eu realmente penso que as
especulações de guerra cambial são simplesmente inapropriadas neste
ponto.”
Segundo
ele, os países devem adotar as medidas certas para fazer com que suas
economias voltem a ser saudáveis. E se o FMI achar que as políticas são
apropriadas, então, as implicações para a taxa cambial foram levadas em
consideração, acrescentou.
Não
houve uma grande “transformação” nos fluxos de capital para os mercados
emergentes, enquanto as economias desenvolvidas tentam se recuperar,
observou Blanchard. E quando e se os fluxos se tornarem grandes demais
para os países menores, então, algum controle será apropriado,
acrescentou.
Com
relação ao Brasil, Blanchard e o chefe da divisão de estudos econômicos
mundiais do FMI, Thomas Helbling, observaram que crescimento potencial
da economia brasileira pode ser menor que o estimado.
O
FMI prevê um segundo ano de recessão na zona do euro, com um
crescimento “anêmico”. Embora os custos de financiamento tenham caído,
os indicadores têm mostrando poucos sinais de que as medidas de cortes
orçamentários e de reformas estejam rendendo o resultado desejado, o
crescimento.
Em
parte, segundo o Fundo, é porque os empréstimos privados não estão
acelerando tanto quanto se esperava, porque os investidores ainda estão
cautelosos e também porque as medidas de austeridade tiveram um impacto
maior do que o antecipado.
“Leva algum tempo para essas medidas funcionarem”, observou Blanchard.
Sobre
os Estados Unidos, o economista-chefe do FMI observou que a maior
economia do mundo está em “melhor forma” e deve se fortalecer ao longo
do ano.
Fonte: Valor
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