Vamos fechar o ano com crescimento em torno de 3% e 3,5%, mas acima do PIB do país.
Ritmo menor do programa Minha Casa, Minha Vida prejudicou
resultados. Para Cbic e Abramat, desempenho ficará abaixo dos 3,6% de
2011.
A diminuição do volume de contratações de novas obras e das
vendas de imóveis e materiais de construção derrubou o desempenho da
indústria da construção civil no segundo trimestre. Segundo os dados do
Produto Interno Bruto (PIB) do período, divulgados na sexta-feira pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país cresceu
0,4% no segundo trimestre, ao passo que a indústria da construção, que
historicamente sempre tem puxado o resultado para cima, registrou dessa
vez uma queda de 0,7%.
As entidades que representam o setor afirmam que o resultado
negativo já era esperado. Veio pior do que imaginávamos, mas não teve
nada de atípico porque já esperávamos uma performance pior, uma vez que
não se tem contratado grandes coisas nos últimos meses, afirma Paulo
Safady, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção
(CBIC).
Mas, embora já admita que o resultado de 2012 ficará abaixo do
que o registrado no ano passado, o setor acredita numa recuperação neste
segundo semestre, o que deverá garantir mais uma vez um crescimento
maior que do o PIB do país. Vamos fechar o ano com crescimento em torno de 3% e 3,5%, mas acima do PIB do país, projeta Safady.
Em 2011, o setor fechou o ano com crescimento de 3,6%, ao passo
que a economia brasileira como um todo avançou 2,7%. No primeiro
semestre deste ano, o crescimento acumulado do setor é de 2,4%, apesar
do recuo nos últimos três meses.
Nível de emprego no setor segue em alta
Para a coordenadora de projetos da construção da FGV, Ana Maria,
apesar do recuo o setor ainda permanece como um dos mais dinâmicos da
economia.
Houve de fato uma desaceleração – que estamos atribuindo a uma
diminuição do início de novas obras e das vendas, e também a um menor
ritmo nas contratações no programa Minha Casa, Minha Vida –, mas o PIB
da construção não está negativo. Um setor que está com crescimento no
emprego na ordem de 7% não pode estar queda, afirma.
Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), feito em parceria
com Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo
(Sinduscon-SP), mostra que o nível de emprego na construção civil
brasileira cresceu 6,98% no acumulado até julho, o equivalente a 221,5
mil contratações. O resultado, no entanto, indicou uma desaceleração se
comparado ao intervalo de janeiro a julho de 2011, quando a área
contratou 228,2 mil trabalhadores. A sondagem sobre o desempenho do
setor em agosto será divulgada na próxima quarta-feira (5).
Ana Maria explica que, pela metodologia do IBGE, a medição do PIB
da construção civil é feita basicamente em cima dos dados da atividade
da indústria de materiais de construção, o que ajuda a entender melhor o
resultado negativo no segundo trimestre.
O PIB da construção civil deverá crescer menos que no ano
passado, mas será, tranquilamente, mais uma vez superior ao PIB do
país, que não deverá chegar a 2%, avalia.
Vendas de materiais desaceleram
As vendas de materiais de construção ficaram praticamente
estagnadas nos últimos meses. No acumulado de janeiro a julho, as vendas
do setor aumentaram 2,2%, ante avanço de 2,9% registrado em 2011.
As vendas da indústria nos últimos meses ficaram muito abaixo do
previsto. Começamos o ano com previsão de crescimento de 4,5% de
previsão. Em abril, baixamos para 3,4%, mas, em agosto, já deu uma boa
melhorada e estamos mantendo os 3,4%, diz Walter Cover, presidente da
Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).
A entidade projeta que o PIB do país ficará em torno de 2%.
Segundo a Abramat, a maior queda nas vendas no 1º semestre foi
sentida no varejo, que representa 50% das vendas do setor, e no mercado
de infraestrutura, que representa uma fatia de 25%, por conta da
desaceleração nas contratações de novas obras.
As vendas para o mercado imobiliário continuaram aquecidas por
conta de lançamentos que foram feitos em 2010 e 2011 e que agora
entraram na fase de acabamento, afirma Cover.
Minha Casa, Minha Vida
A professora da FGV destaca, entretanto, que houve, de fato, uma
desaceleração no ritmo de contratações de obras públicas e nas
construções de novos empreendimentos imobiliários.
As contratações nessa segunda fase do Minha Casa, Minha Vida
ficaram bem aquém das expectativas. Mas a revisão do valor dos imóveis
para financiamentos pode ser agora um incentivo para que se retomem as
contratações, afirma.
Portaria publicada no dia 29 pelo Ministério das Cidades
reajustou os valores máximos de aquisição dos imóveis do programa Minha
Casa, Minha Vida. Na capital e nas regiões metropolitanas de São Paulo,
Rio e Brasília, o valor subiu de R$ 65 mil para R$ 76 mil para os
enquadrados no faixa 1, que ganham até R$ 1.600.
Apesar da desaceleração no primeiro semestre, os
representantes do setor se dizem otimistas com o desemprenho dos
próximos meses.
Não tenho dúvida de que os resultados do terceiro e
quarto trimestre serão melhores, uma vez que todas as medidas que
vínhamos solicitando já foram tomadas, diz o presidente da CBIC,
citando a revisão dos valores de aquisição dos imóveis do Minha Casa,
Minha Vida, o lançamento do programa de concessões de rodovias e
ferrovias e os novos planos para redução do custo da energia elétrica e
para portos e aeroportos, prometidos para as próximas semanas.
Todas estas medidas irão certamente recolocar as empresas do
setor em atividades e ajudarão a dar continuidade nas contratações e nos
investimentos, diz Safady, lembrando que a indústria da construção
civil responde por 43% da formação bruta de capital no país.
Para o presidente da Abramat, a prorrogação do Imposto de
Produtos Industrializados (IPI) para materiais de construção será outro
fator que ajudará a estimular novos investimentos e vendas nos próximos
meses. As intenções de investimento na indústria da construção
certamente voltarão a crescer, e quem fazia planos de iniciar uma obra
irá entrar com muito mais otimismo agora, sabendo que os preços não vão
subir até o final de 2013, avalia.
Fonte: G1
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