Mas tudo vai depender da regulamentação das medidas lançadas na terça pelo governo e do desenrolar dos projetos e da economia.
A diminuição na queda da confiança dos empresários da construção
sinaliza que o setor vai reforçar seu crescimento em 2013, segundo Ana
Castelo, coordenadora da Sondagem da Construção da Fundação Getulio
Vargas (FGV). O estudo mostra que no trimestre findo em novembro a
confiança do setor recuou 3,1% frente ao mesmo período do ano passado, a
menor retração desde que o indicador começou a ser apurado, em setembro
de 2011. Em outubro, a queda havia sido de 5,1%.
'É natural um recuo porque o Índice de Confiança da Construção
começou a ser medido no momento em que o setor passava pelo melhor
momento. A aproximação com o patamar de 2011 é um sinal de melhora',
afirma. Sua expectativa é que o setor de construção repita em 2013 o
crescimento de 4% estimado para 2012, mas com uma importante diferença.
Ao contrário do que se viu neste ano, a previsão é que 2013 comece fraco
e termine forte, deixando uma herança de aceleração para 2014.
'Mas tudo vai depender da regulamentação das medidas lançadas na
terça pelo governo e do desenrolar dos projetos e da economia', afirma.
Ela destaca que muitas construtoras fazem subcontratações. Por isso, os
termos da desoneração da folha serão essenciais para verificar a
eficácia da medida.
Terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que o
governo vai substituir a contribuição de 20% sobre a folha das
construtoras e prestadoras de serviços por outra de 2% sobre
faturamento. Estima-se que as empresas deixarão de recolher R$ 2,8
bilhões. Segundo Mantega, isso permitirá a redução dos preços dos
imóveis, além de promover o aumento da produtividade e dos
investimentos. 'Se a regulamentação for adequada, as empresas terão um
impulso, já que o custo de mão de obra é apontado como um dos
limitadores da expansão do setor', diz Ana. O estudo da FGV mostra que,
no segmento de edificações, o custo da mão de obra aparece como o
terceiro maior gargalo, ficando atrás somente de escassez de mão de obra
qualificada e da competição no próprio setor.
Os dados da sondagem ainda revelam que houve piora na confiança
dos empresários do segmento de edificações e também do ramo de
preparação de terreno, o que indica certa cautela no mercado.
'Preparação de terreno é um segmento antecedente. A sinalização é de que
a retomada da construção será lenta, devendo ganhar ritmo no decorrer
de 2013.'
O segmento que deve puxar a construção no fim deste ano e início
do próximo é o de infraestrutura. Na passagem de outubro para novembro, a
confiança no ramo de obras viárias apresentou forte aceleração, subindo
de 3,2% para 7,8% na média trimestral comparada ao mesmo período de
2011. 'Isso se deve à retomada nas obras rodoviárias, impulsionadas pela
expectativa quanto ao programa de logística lançado recentemente pelo
governo', diz Ana. 'É consenso que a sustentação do crescimento da
economia passa pelo investimento em infraestrutura. Se não houver uma
ampliação, a aceleração da atividade vai cessar em 2014.'
A confiança do segmento de edificações, entretanto, que já havia
caído 4,7% em outubro, baixou 5% em novembro, nas mesmas bases de
comparação. 'Percebemos menos obras se iniciando porque foi formado
bastante estoque neste ano', pontua Ana. Segundo ela, as empresas também
reclamaram da burocracia para se obter licenças para os lançamentos, o
que atrasou muitos projetos. 'Por um lado, isso foi até positivo, porque
permitiu um ajuste nos estoques. Ano que vem, os lançamentos devem ser
melhores e provavelmente haverá boa receptividade, já que há vários
incentivos para empresas e famílias.'
Fonte: Valor
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