Volume de financiamento destinado ao setor habitacional e
imobiliário superou o do automotivo pela primeira vez no Brasil, revela
estudos dos 'Estadã
O crédito destinado para o setor habitacional e imobiliário
superou o do setor automotivo pela primeira vez no Brasil. A virada
ocorreu em agosto e a diferença tem aumentado, revelam dados do Banco
Central que foram elaborados pelo Estadão Dados (núcleo de jornalismo de
dados do Estado).
Em setembro, as operações de crédito para compra de imóveis por
pessoas físicas e jurídicas chegaram a R$ 334,6 bilhões, enquanto o
setor automotivo ficou com R$ 319 bilhões. O Brasil vem tirando um
atraso no crédito imobiliário. Antigamente era muito difícil conseguir
um financiamento, afirmou Luis Eduardo Assis, economista e ex-diretor do
Banco Central. Houve essa mudança por causa da estabilidade da economia
brasileira e da possibilidade de retomada do imóvel.
O aumento do crédito imobiliário tem sido impulsionado pela
pessoa física. Por esse recorte, o saldo já é maior do que o do setor
automotivo desde janeiro. Este ano, até outubro, as operações de crédito
imobiliário aumentaram R$ 57,3 bilhões, enquanto as do automotivo
cresceram R$ 533 milhões.
O Brasil passa por uma mudança estrutural. O setor imobiliário
foi beneficiado pela redução das taxas de juros, crescimento do emprego e
aumento da massa de rendimento real dos ocupados, que, em setembro, foi
estimada em R$ 42,2 bilhões, segundo o IBGE. É um crescimento de 8,6%
em um ano. Com a taxa de juros para crédito imobiliário em queda e
prazos maiores, há maior demanda por crédito imobiliário. O déficit
habitacional também influencia nessa melhora, disse Carlos Thadeu de
Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Ressaca. Por outro lado, o setor automotivo sofre uma ressaca da
enxurrada de crédito que houve em 2009 e 2010. No auge da crise
financeira internacional, o governo reduziu impostos – como IPI – para
ajudar na recuperação da economia. Na toada dessa política, os prazos
para financiamento também foram alongados.
Como reflexo dessas medidas, houve um aumento da inadimplência, o
que fez com que as concessões fossem travadas este ano. Em outubro,
segundo dados do BC, a inadimplência no setor foi de 5,9%, abaixo dos 6%
em setembro, mas 1,2 ponto porcentual maior que o verificado em outubro
do ano passado.
Alguns bancos ficaram bem expostos nos seus processos de
concessão de veículos. É natural que haja essa retração para limpar um
pouco essa carteira e diminuir a inadimplência, diz Dorival Dourado,
presidente da Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de
Proteção ao Crédito (SCPC).
Fonte: Estadão
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