quinta-feira, 12 de abril de 2012

É MAJORITÁRIA CHANCE DE SELIC MENOR QUE 9% EM 2012, DIZ MONICA DE BOLLE

A queda da Selic para 8,5% aproveita os resultados melhores do que o esperado para o IPCA neste início de ano.

A professora da PUC-RJ e diretora da Casa das Garças, Monica Baumgarten de Bolle, afirmou à Agência Estado que se tornaram majoritárias as chances do Banco Central (BC) cortar a Selic abaixo de 9% neste primeiro semestre. "Acredito que os juros devem encerrar 2012 em 8,5%", comentou. Segundo ela, o BC aproveitaria uma "janela de oportunidade" gerada pelo bom comportamento da inflação para reduzir a taxa para uma marca inferior aos 9% sinalizados pela ata da reunião do Copom de março.

Na avaliação de Monica, a queda da Selic para 8,5% aproveita os resultados melhores do que o esperado para o IPCA neste início de ano. O índice subiu 0,21% em março, abaixo de 0,37% que era a mediana apurada pelo AE-Projeções com analistas de mercado. "Mas a redução dos juros faz parte de uma estratégia de governo curto prazista, que visa aproveitar que a inflação não preocupa neste momento para diminuir a Selic ao máximo", destacou.


Entre os objetivos de política econômica do Poder Executivo, destaca a acadêmica, a prioridade é a meta de crescimento. Quanto à inflação, ela pondera que o foco da administração federal é levá-la para um patamar ao redor de 5,5%.


Em função do pacote de estímulos de R$ 60,4 bilhões que o governo deve conceder à indústria e da ação do governo para que o câmbio não fique abaixo de R$ 1,80, Monica de Bolle avalia que a inflação não deverá atingir os 4,4% projetados pelo Banco Central neste ano. "O IPCA deve ficar ao redor de 5,5% em 2012, inclusive porque quando a economia pegar tração, especialmente no segundo semestre, isso vai acabar pressionando os preços para cima", disse.


Por outro lado, ela avalia que são muito pequenas as possibilidades de o Produto Interno Bruto (PIB) avançar 4,5% neste ano, como afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ela estima que o PIB deve apresentar um incremento ao redor de 3%, um número não muito distante dos 2,7% apurados em 2011.


"Há uma contradição no discurso do governo: de um lado estimula a economia, com medidas fiscais e redução dos juros, que inclusive pode chegar a 8,5% neste ano, enquanto o BC manifestou no seu relatório de inflação de março que as defasagens relativas a variações da Selic sobre o nível de atividade ocorrem com defasagens de um a dois anos", disse. Nesse contexto, ela espera que o IPCA poderá ficar pouco superior a 6% em 2013, mesmo depois de atingir um número próximo a 5,5% neste ano. Ela fez os comentários após o evento MacroVision 2012, promovido pelo banco Itaú BBA.

Fonte: O Estado de SPaulo

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