Após longo período de desenvolvimento puxado pelo consumo, o país
entra 2013 com a intenção de iniciar um ciclo de expansão a partir do
investimento.
Essa situação vai impactar diretamente na construção civil, um
dos setores que mais se aqueceu nos últimos anos. O segmento projeta um
crescimento moderado, mas vê, nos pacotes de concessões de ferrovias,
hidrovias e rodovias, anunciados em 2012 pela presidente Dilma Rousseff,
uma ótima oportunidade a ser desbravada.
“Está muito claro que, daqui para frente, o Brasil não vai ter um
crescimento sustentável se não for à base de investimento. Esses
pacotes de concessões na parte de infraestrutura devem trazer situações
interessantes para a construção civil. O setor começa um novo ciclo a
partir de 2013”, destaca o vice-presidente da Câmara Brasileira da
Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins. O dirigente projeta
uma expansão de 4% na atividade, frente um acréscimo de 2,5% em 2012.
Mesmo assim, os desafios do setor a serem equacionados
continuarão sendo velhos conhecidos, como a burocracia e a informalidade
nos canteiros de obras. Por isso, Martins saúda o benefício da
desoneração de folha, anunciado em dezembro passado pelo Ministério da
Fazenda. “Temos um problema muito sério com a informalidade. No momento
em que você desonera a folha e onera o faturamento, você estimula a
formalização. Mas ainda precisamos ver na prática se o benefício vai se
traduzir em redução de custos.”
Outro ponto que deve continuar ganhando atenção é a capacitação
de mão de obra. Segundo dados do Sindicato da Indústria da Construção
Civil de São Paulo (Sinduscon-SP) de outubro de 2012, o Brasil atingiu a
marca de 3,4 milhões de trabalhadores da atividade com carteira
assinada, sendo 478 mil na região Sul. Em 2005, esse contingente não
passava de 1,5 milhão. Neste sentido, o vice-presidente da CBIC diz que a
saída para capacitar pessoal e ganhar em produtividade é investir em
tecnologia nos canteiros.
No Rio Grande do Sul, o cenário previsto para 2013 segue o ritmo
brasileiro. O Sinduscon gaúcho prevê expansão de 3% a 4%, se
assemelhando a 2012. “Estamos em um período de estabilização, andando em
velocidade de cruzeiro”, compara Paulo Garcia, presidente do sindicato.
O dirigente também projeta uma ascensão moderada em relação à
quantidade de trabalhadores formais no setor, que hoje agrega 145 mil
pessoas.
Além disso, a construção civil gaúcha terá dois cenários
distintos em relação ao lançamento de novos empreendimentos. Se em Porto
Alegre a tendência é de menor movimentação, as cidades distantes da
Capital e a região metropolitana apresentarão ritmo acelerado. “Temos
cidades do Interior, como Rio Grande, Pelotas e São José do Norte, que
vão crescer fora da curva, bem acima de Porto Alegre. Há também o
Litoral Norte, que se tornou um canteiro a céu aberto”, constata Garcia.
Conforme a Serasa Experian, a inadimplência dos brasileiros
aumentou 15,1% de janeiro a novembro de 2012 frente a igual período de
2011. No entanto, a construção civil não tem sido atingida por essa
situação, na opinião do presidente da Nex Group, Carlos Alberto
Schettert. “A nossa inadimplência média era de 4% em anos anteriores e
hoje é de 2%. O brasileiro pode até atrasar suas contas, mas da sua casa
ele não atrasa o pagamento. Por isso, não temos problemas com
inadimplência”, sinaliza o executivo da incorporadora que agrega Capa,
DHZ, EGL e Lomando Aita.
Fonte: Jornal do Comércio
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