A produção mineira pode estar sofrendo mais que a média da indústria.
Sem os efeitos esperados das medidas recentes do governo federal para
reanimar a produção industrial no país, a Associação Brasileira da
indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) fez campanha ontem em
Minas Gerais pela desoneração do Imposto sobre a Circulação de
Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) na cadeia produtiva do setor.
O principal apelo do movimento, já lançado em São Paulo e no Rio Grande
do Sul, ao governo e ao Legislativo mineiro está na queda da
participação das fábricas do estado no bolo nacional da atividade.
Terceira maior economia do Brasil, Minas detém 5,8% do parque de
máquinas e equipamentos, de acordo com o levantamento mais recente de
2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ante
6,6% em 2008, ano em que estourou a crise financeira mundial.
A produção mineira pode estar sofrendo mais que a média da indústria
pelo fato de atender encomendas muito concentradas em segmentos de
clientes com grande peso na produção de bens no estado, como a
siderurgia e a mineração. Essa concentração se dá sobre setores que têm
enfrentado redução de investimentos, em consequência da crise financeira
na Europa e Estados Unidos, destacou o diretor-secretário da Abimaq,
Carlos Pastoriza. O pedido feito no encontro com cinco secretários de
Estado, incluindo Dorothea Werneck, do Desenvolvimento Econômico, é de
que o ICMS continue a ser destacado na nota de venda de máquinas e
equipamentos, mas com o crédito imediato do tributo para o cliente.
Trata-se do mesmo benefício concedido na tributação do PIS/Cofins. A
alíquota média do ICMS é de 8,8% para compra de máquinas no território
mineiro. “As medidas do governo federal ajudaram, mas são paliativas e
pontuais. Elas não resolvem, com juros e carga tributária alta,
infraestrutura deficiente e câmbio sobrevalorizado”, afirma Pastoriza. A
Abimaq propõe ainda uma política de estímulo à indústria local, que
leve o eventual investidor estrangeiro no setor no estado ao compromisso
de criar demanda para as fábricas instaladas em Minas.
ArcelorMittal
Na contramão dos dados recentes do IBGE mostrando queda da produção
da indústria em fevereiro – de 2,5% na média nacional e 11,1% em Minas
–, a demanda de aço da indústria automotiva e da construção civil mantém
acima de 90% o ritmo de produção das usinas da ArcelorMittal Aços
Longos, informou ontem o presidente da companhia para a América do Sul,
Augusto Espeschit de Almeida. O resultado ainda preliminar do primeiro
trimestre indica recuperação dos pedidos dos fabricantes de ônibus,
caminhões leves e pesados, de implementos agrícolas e aquecimento da
construção civil.
Com projeção de crescimento do consumo de aços longos entre 5% a 7%
no país neste ano, a empresa decidiu pela cautela nos investimentos até
que, segundo Augusto Espeschit, o cenário econômico fique mais claro no
Brasil e no exterior. Aporte de R$ 500 milhões será feito para
manutenção das atividades em 2013. O projeto de duplicação da usina de
João Monlevade, na Região Central de Minas, orçado em US$ 1,2 bilhão,
continua suspenso.
Fonte: Estado de Minas
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