sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Mesmo com caixa recorde, empresas hesitam em gastar

O dinheiro acumulado no caixa de empresas não financeiras nos Estados Unidos, zona do euro e Japão alcançou US$ 5,1 trilhões no primeiro trimestre, numa alta de quase 40% em relação aos US$ 3,7 trilhões que tinham em caixa em 2007, quando começou a crise global.


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O levantamento do Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa os maiores bancos do mundo, conduz à questão de quando, como e quanto exatamente as maiores empresas do mundo vão utilizar seus enormes estoques de dinheiro e reduzir a escassez global de investimentos.

O novo secretário-geral da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), Mukhisa Kituyi, chega a estimar em US$ 6 trilhões os recursos inativos nos caixas das empresas, globalmente.
O caminho para a recuperação do investimento global continua acidentado, com os investidores relutantes em expandir seus negócios diante da fragilidade econômica generalizada e das incertezas nas políticas’, afirmou ele, num encontro sobre investimentos na China.

Existe uma necessidade de reforçar a confiança dos investidores’, acrescentou Kituyi.
Na mesma linha, o IIF nota que as autoridades tiveram frustradas as esperanças até agora de que as baixas taxas de juros e volumes recordes de dinheiro em caixa deflagrassem um boom de utilização de capital.
Mas o frágil crescimento econômico global freou até agora as companhias. A situação na zona do euro se estabilizou, há progressos no Japão e os EUA parecem em melhor forma. No entanto, ainda há muita capacidade não utilizada no mundo. Na Europa, sobretudo, a produção continua bem abaixo dos níveis de antes da crise. O desemprego é recorde, e o consumo está 5% abaixo de antes da crise.

A dolorosa experiência da crise financeira também levou empresas a acumular mais dinheiro em caixa por precaução.

Pesquisa citada pelo IIF com 2.000 grandes companhias mostra moderação no capex global (capex é a abreviação para ‘capital expenditure’, despesas de capital ou investimento em bens de capital que produzem benefícios ao longo de um período futuro longo, superior a um ano).

Foi de US$ 3,1 trilhões em 2012, numa alta de 6% em termos reais, comparada a 8% em 2011. Mas excluindo companhias de energia, por exemplo, os investimentos não retornaram aos níveis de antes da crise. Uma pesquisa da S&P sugere que a baixa no superciclo de commodities vai contribuir para uma queda de 2% no capex global neste ano e de 5% em 2014.

As perspectivas são diferentes por região, com aumento nos investimentos de quase 10% em termos anuais nos EUA, em contraste com declínio na Europa e no Japão. A fatia da América do Norte no capex global aumentou de 27% em 2007 para 34% em 2012.

Os gastos de capital nos emergentes também estagnaram. As empresas chinesas não financeiras podem cortar o capex em 4% em 2013 e 6% em 2014. Entre as regiões pesquisadas, conforme o IIF, a América Latina tem a mais fraca projeção de capex.

O mercado de ações subiu nos países desenvolvidos, mas a atividade global de fusões e aquisições ficou em US$ 979 bilhões no primeiro semestre, ou 30% a menos do que no mesmo período em 2012.
Por outro lado, as companhias não financeiras emitiram títulos de dívida de US$ 700 bilhões em termos anualizados, próximo do recorde de US$ 1,1 trilhão em 2012. Aproveitaram os baixos juros e ampliaram a maturidade de seus títulos.

Conforme o IIF, muitas empresas continuam preferindo usar o dinheiro para comprar de volta suas próprias ações ou pagar dividendos, enquanto fusões e aquisições continuam modestas.

Somente entre empresas dos EUA, a compra de suas próprias ações de volta alcançou US$ 400 bilhões nos últimos 12 meses, numa alta de 17% em um ano. Ao comprar as suas ações de volta, a empresa sinaliza aos seus acionistas que acredita na valorização dos títulos no médio e longo prazo, pelo potencial de crescimento no futuro.

Fonte: Valor

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