quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Indústria da construção passa por acomodação

A redução dos lançamentos e das vendas de imóveis registrada neste ano já reflete negativamente na confiança do empresariado da construção civil e tem levado ao fechamento de pequenas construtoras.

Com um menor ritmo de produção, a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do setor caiu de 5%, esperados no início do ano, para 2,5%, segundo informações do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Paulo Safady Simão.
‘Estamos vivendo um momento de baixa na produção, que é o que de fato impacta no resultado do PIB. Nosso volume de lançamentos não é mais o mesmo e vamos ter que nos acostumar com esse novo patamar daqui para frente’, avalia o dirigente em relação às perspectivas para os próximos anos.
alta
Paulo Safady Simão explica que, na área imobiliária, o mercado passa agora por uma acomodação, após o boom imobiliário de 2009 e 2010. Foi graças a essa alta na demanda de imóveis, que o financiamento imobiliário saiu de uma representatividade de 2% sobre o PIB do país e passou a ser de, aproximadamente, 7%. ‘Ainda estamos longe do ideal, se compararmos com países mais desenvolvidos. Mas o país não teria estrutura para comportar um crescimento tão vertiginoso de uma só vez’, explica o presdiente da Cbic.
Já no segmento de obras públicas há uma certa indefinição, uma vez que há uma dependência dos resultados dos leilões, como das rodovias, para as obras deslancharem. Além disso, segundo Safady, uma série de investimentos estrangeiros previstos para ocorrerem no país estão recuando, o que impacta também nos resultados da construção civil.
Recuo – Diante desse cenário, os empresários do setor estão ficando cada vez menos otimistas, o que tem levado a menos lançamentos, conforme dados do Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção de Minas Gerais, divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG).
Em julho, o índice ficou em 47 pontos, o mais baixo da série histórica, iniciada em fevereiro de 2010.  a segunda vez consecutiva que o indicador ficou abaixo da linha dos 50 pontos, o que indica pessimismo do empresariado. Em junho, o índice havia ficado em 49,8 pontos.
O economista e coordenador sindical do Sinduscon, Daniel Furletti, atribui o pessimismo ao momento econômico do país. ‘Nós temos um PIB estimado em torno de 2% na economia nacional, uma inflação acima da meta e juros subindo. O ambiente de negócios não está muito confortável, o que faz com que o empresário fique temeroso para tomar decisões referentes a novos investimentos’, justifica.
Para o presidente da Câmara da Indústria da Construção Civil da Fiemg, Teodomiro Diniz Camargos, até mesmo as manifestações que ocorreram no país, principalmente durante a Copa das Confederações, impactaram nos resultados do setor. ‘O estado de insatisfação da população dá um certo baque no empresariado porque nosso mercado depende de confiança do consumidor na economia, já que são dívidas para serem pagas em 20 anos’, afirma.
Camargos explica que nesse processo de acomodação do segmento, as empresas de menor porte, que entraram no mercado durante o boom do setor, estão começando a fechar as portas. E aquelas que ampliaram as redes, com abertura de unidades em outros estados, estão voltando a atenção para as suas regiões de origem. ‘Todas as empresas que vieram de São Paulo para Minas, aos poucos já estão indo embora’, afirma.

Fonte: Diário do Comércio

Nenhum comentário:

Postar um comentário