quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Atividade mostra sinais de leve retomada após tombo de julho

Atividade mostra sinais de leve retomada após tombo de julho


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Diferentes indicadores coincidentes de atividade na indústria em agosto mostraram melhora em relação a julho e podem indicar que o pior momento para a economia neste trimestre tenha ficado para trás. Diante desse desempenho mais positivo, alguns economistas passaram a projetar leve alta da produção industrial no mês passado e um desempenho um pouco mais forte em setembro, ainda que em magnitude insuficiente para recuperar o tombo de 2% do setor em julho. Entre os dados apontados pelos economistas estão o aumento da produção de aço e a expedição de papel ondulado, o resultado mais favorável da indústria automotiva e maior fluxo de veículos pesados em rodovias pedagiadas. A confiança do empresário industrial, no entanto, continua a pesar contra e as estimativas mais positivas são de alta bastante modesta da indústria no mês passado, de 0,2% em relação a julho, com ajuste sazonal.

Embora não sejam suficientes para mudar as estimativas para o terceiro trimestre, que na maioria apontam para contração da atividade no período, os indicadores divulgados recentemente diminuem o risco de que a economia tenha desabado entre julho e setembro, afirmam economistas, para quem dados antecedentes também sugerem desempenho um pouco melhor da atividade nos últimos três meses do ano.

Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, projeta alta de 0,2% da indústria em agosto, sempre na comparação com o mês anterior, feitos os ajustes sazonais. ‘É uma leve recuperação, mas não devolve nem de longe a forte queda da produção em julho’, quando a atividade nas fábricas recuou 2%. De acordo com dados dessazonalizados pela Tendências, a recuperação apenas morna da atividade no setor se deveu principalmente à produção de veículos, que subiu 0,5% em agosto, após queda de 6,7% em julho. Além disso, a confiança dos empresários não se recuperou. De acordo com a sondagem da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mesmo após uma queda de 4% no início do terceiro trimestre, a confiança dos industriais ficou 0,6% menor em agosto. Na pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) os dados já são mais positivos.

Assim, diz Alessandra, a alta da indústria em agosto deve ter sido bem modesta mesmo com outros indicadores apontando tendência mais positiva, como a expedição de papel ondulado, que subiu 0,9%, e o fluxo de veículos pesados nas rodovias pedagiadas, que aumentou 0,7%, sempre na passagem mensal, com ajuste sazonal da consultoria. Para setembro, estimativas preliminares da consultoria são de aumento de 1,1% da produção industrial. ‘Se estivermos corretos, ainda assim na média a indústria terá queda de 0,8% no trimestre’, afirma a economista.
Diante de dados coincidentes positivos de atividade, a LCA Consultores elevou a projeção para a indústria em agosto de queda de 0,4% para alta de 0,1%, na passagem mensal. Para Thovan Tucakov, o setor não vai se recuperar da queda de julho em função de questões que ainda travam o desempenho cia indústria, como o acúmulo de estoques. Além disso, diz o economista, a confiança dos empresários do setor de bens de capital caiu 10,8% no trimestre encerrado em agosto, enquanto a do setor de bens duráveis encolheu 15,8% neste período. ‘Setores que contribuíram para o crescimento no primeiro semestre agora mostram tendência mais negativa’, afirma.

O Barclays projeta leve alta da produção industrial na passagem mensal, de 0,2% em relação a julho, em função dos dados divulgados. Na contramão do mercado, o banco espera alta de 0,2% do PIB no terceiro trimestre. Em nota, o economista Guilherme Loureiro afirmou que ‘embora ainda existam ventos desfavoráveis para a economia, vemos um balanço de riscos equilibrado para nossa projeção’.

De acordo com a sondagem da CNI, a produção industrial a avançou 1,15% em agosto sobre julho, enquanto a utilização da capacidade instalada aumentou para o maior nível desde novembro do ano passado, em 74%.
Para Aurélio Bicalho, economista do Itaú, os números mais positivos divulgados recentemente reduzem os riscos de surpresa negativa em relação à produção industrial, mas o banco projeta retração de 0,3% da indústria em agosto. Como o comércio deve ter resultado positivo em agosto, o PIB mensal calculado pelo Itaú aponta alta de 0,3% da atividade em agosto.

Alessandra, da Tendências, também estima resultado favorável cio comércio no mês passado, após a forte e inesperada alta de 1,9% do varejo em julho. As consultas ao SPC e ao Use cheque aumentaram 2,2%, de acordo com dados dessazonalizados pelo Banco Central, e a confiança do empresário do comércio paulistano subiu 5,7% na passagem mensal. A Tendências projeta queda de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre. Para Alessandra, no entanto, agora as chances são de que a atividade surpreenda positivamente, embora em pequena magnitude. ‘O risco é que o PIB fique estável na comparação trimestral’.
O Banco Fator estima estabilidade da economia entre julho e agosto, após a forte alta de 1,5% do PIB no segundo trimestre. Para José Francisco de Lima Gonçalves, eco-nomista-chefe da instituição, de forma geral, ‘os indicadores sugerem que agosto foi um pouco melhor do que se pensava e talvez a fase de mau humor mais forte tenha ficado para trás’. Ainda assim, diz, não há retomada consistente e parece ‘certo’ que o segundo semestre será mais fraco que o primeiro.

Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou que as perspectivas para a economia melhoraram e que já é possível ‘pensar que o crescimento de 2,5% [no ano] que estimamos pode ser um pouco maior’.

Fonte: Valor

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