sexta-feira, 16 de março de 2012

Um mercado de muita concorrência

O mercado de locação de máquinas continua crescendo e se expandindo pela região. O conceito de que as companhias devem se concentrar no seu core business e não na manutenção das frotas de equipamentos já está se extinguindo e basta dar uma olhada entre as principais companhias dedicadas à locação para perceber que a atividade está no auge, mas ainda com muito espaço para continuar se desenvolvendo.

Em uma região em que os projetos de construção são uma constante, as projeções são positivas, principalmente depois de um ano em que foram colhidos grandes êxitos. Sem dúvida, o Brasil é um interessante expositor dessa tendência, graças aos investimentos milionários que estão sendo feitos e, pela mesma razão, não é uma surpresa que as principais empresas de locação da América Latina estejam concentradas nesse país. "O mercado da locação de equipamentos está fervendo em função do momento que o país vive e da necessidade de obras de infraestrutura. O Brasil está crescendo na velocidade dos países desenvolvidos", comenta Walter Lomanto Tavares, coordenador de marketing da empresa A Geradora, a qual conta com 22 anos de história no mercado brasileiro.

Segundo o executivo, 2011 foi um ano de muitas conquistas. "Nos consolidamos nos segmentos de construção civil e infraestrutura, mineração e eventos. Ampliamos nosso portfólio de equipamentos, investimos em nossos colaboradores e tivemos a satisfação de estar entre as 100 maiores empresas de locação do mundo, segundo o ranking elaborado pela revista International Rental News (publicação irmã da Construção Latino-Americana)".

As expectativas da empresa até 2016 são muito positivas graças à realização de grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos olímpicos de 2016. "Estamos apostando nossas fichas nessas obras com a certeza de que estamos preparados para participar da construção de edifícios e infraestrutura de estádios, aeroportos e da sede olímpica. Além dos equipamentos de elevação e das plataformas aéreas utilizadas nas obras, podemos utilizar nossos geradores de energia durante a transmissão dos jogos", comenta.

Outro claro exemplo do bom momento do mercado está na também brasileira Mills, empresa que durante os primeiros nove meses de 2011 alcançou receitas líquidas de 484 milhões de reais (mais de US$260 milhões) e um EBITDA de 162 milhões de reais (cerca de US$87 milhões), registrando um crescimento de 22,3% e 8,4%, respectivamente, em relação aos primeiros três trimestres de 2010. "Este crescimento é, principalmente, um reflexo do êxito de nossa estratégia de expansão geográfica nas divisões Jahu - centrada nos mercados de construção residencial e comercial- e de Rental -focada no aluguel e venda de acesso motorizado ao suporte técnico-", explica Sérgio Kariya, diretor dessa última divisão.

O cenário que apresenta 2012 também é positivo e a companhia está apostando pelas obras relacionadas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Copa do Mundo e as Olimpíadas, além dos investimentos nas indústrias de petróleo, gás e imobiliária.

Por sua vez, Paulo Esteves, diretor comercial da Solaris, destacou que sua companhia cresceu em 2011 cerca de 50%, chegando novamente ao ritmo que levava antes da crise de 2008. No entanto, o executivo adverte que o ano passado houve um aumento significativo da concorrência, o que atingiu as tarifas. "Em 2012, o entorno competitivo continuará crescendo e devido à incerteza no entorno empresarial global, teremos um crescimento mais lento que em 2011. No entanto, continuamos investindo em maiores frotas e novas sucursais", afirma.

A chilena SKC Rental é daquelas que expandiu seus horizontes até o Brasil em busca de melhores oportunidades e está presente em Curitiba e em Joinville, nesta última cidade, a filial está aberta desde 2011. Jorge Cabello, gerente de estratégia corporativa da chilena SKC Rental, destaca o exercício como um dos que cumpriu com o orçamento. "Houve crescimento em frota, em estrutura, em novas sucursais. Este ano será similar, vamos continuar crescendo e aumentaremos nossa cobertura. Até este momento não nos contagiamos com a crise europeia", garante.

O executivo adverte, que por mais que "o potencial do Brasil é grande, pelo seu tamanho, o crescimento talvez esteja mais para o lado do Peru", país onde a empresa tem cinco sucursais em Chiclayo, Trujillo, Lima, Cusco e Arequipa.

Com relação à concorrência do setor, o profissional reconhece que as tarifas foram reajustadas, mas ao mesmo tempo comenta que o mercado tem mais espaço. Segundo explica, o índice de entrada da locação em países como a Inglaterra alcança 70%, enquanto que nos Estados Unidos está cerca de 50%. "Na região em que operamos este índice não passa de 20%, e a tendência mundial é que exista mais locação que venda", ressalta. "A indústria tem muito mais espaço para crescer", garante Cabello.

Aumentando a frota

Apesar de que a concorrência está aumentando e há mais personagens no mercado, as companhias com história não cruzam os braços e se dedicam a potencializar seus investimentos não apenas para entregar maior cobertura, mas também para aumentar sua disponibilidade de equipamentos. O fato é que a indústria promete. Cabello estima que o crescimento global do mercado pudesse superar 10% ao ano.

Nessa linha está a SKC Rental, cuja frota atual sobre as duas mil unidades, divididas em terraplenagem, construção viária, manipulação de materiais e equipamentos industriais, poderia ver um acréscimo de 10% no número de máquinas, segundo indica o executivo.

Por sua vez, a Solaris investiu cerca de US$50 milhões para o crescimento orgânico de sua frota durante o ano passado, principalmente em plataformas aéreas, manipuladores telescópicos e grupos geradores. "Aumentamos a nossa frota em torno de 25%, alcançando mais de 2.500 equipamentos", ressalta Paulo Esteves.

A empresa possui 14 instalações no Brasil, em Osasco, Paulínia, Rio de Janeiro, Macaé, e nos estados de Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Pará, Rio Grande do Sul, Maranhão e Rondônia.

Vale destacar que a Solaris pertence ao Grupo Sullair, que também atua na Argentina, Uruguai, Chile, Peru, Equador e Bolívia.

Apesar disso, a Mills, que oferece serviços de locação por meio de suas divisões de Construção, Rental e Jahu, destaca o crescimento dessas últimas duas divisões, cujas receitas aumentaram 212% e 161% respectivamente, comparando o terceiro trimestre de 2009 com o mesmo período de 2011. "Esse crescimento foi possível graças a uma forte demanda nos mercados de atendimento, expansão geográfica com abertura de unidades em todas as regiões do Brasil e ampliação do portfólio de equipamentos", explica Sérgio Kariya.

Em relação aos investimentos, entre janeiro e setembro de 2011, a Mills destinou R$316 milhões (US$170 milhões) a este item. Desse montante, 40% foram usados na divisão Rental e 40,5% na divisão Jahu. Durante todo o ano passado, a empresa desembolsou R$433 milhões (aproximadamente US$230 milhões).

"Nosso orçamento para 2012 inclui investimentos de R$127 milhões (quase US$70 milhões)", conta o executivo, que não descarta a ideia de aumentar os desembolsos deste ano se o mercado "continua oferecendo oportunidades atrativas".

A Mills, conta atualmente com 43 sucursais para atender o mercado brasileiro. "Ampliamos nosso alcance geográfico de 19 locais, existentes no início de 2009, para 43 no final de 2011, com presença em 13 estados", afirma Kariya.

Por sua vez, a empresa A Geradora possui 18 sucursais. A matriz está localizada em Salvador e conta com filiais em Itabuna, Manaus, Boa Vista, Belém, Parauapebas, São Luís, Fortaleza, Natal, Recife, Aracaju, Belo Horizonte, Goiânia, Serra, Macaé, Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo.

A companhia possui uma frota de cerca de 10 mil equipamentos com uma idade, em média, de três anos, "o que significa um parque moderno e atualizado", destaca Lomanto. O executivo destaca a participação da companhia nos segmentos de grupos geradores, compressores de ar e torres de iluminação, linhas nas quais "fizemos investimentos significativos e projetamos um crescimento contínuo nestes equipamentos em 2012. Além disso, investimos muito em nossos funcionários, principalmente em técnicas e capacitação. Durante 2012 pretendemos continuar com a filosofia de satisfazer nossos clientes e também vamos continuar com nossos projetos de negócios para a expansão de novas sucursais no Brasil", explica.

ALEC

A importância do mercado de locação no mercado brasileiro é notória e a associação de empresas de locação ALEC é um exemplo disso. O organismo recentemente nomeou um novo presidente para o período 2012-2013, Marco Aurélio Cunha, que tem 20 anos de experiência na indústria.

Entre as metas do dirigente está a criação de um sistema cooperativo de compras com o objetivo de poder negociar melhores preços e condições com os fabricantes; conquistar um agente financeiro que colabore com as compras das companhias associadas agilizando processos; promover um joint venture com a ARA (American Rental Association); e ampliar o número de associados da ALEC, atraindo novos setores, entre outras coisas.

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